sexta-feira, 31 de agosto de 2012

As estratégias de migração da águia-das-estepes (Áquila nipalensis) reveladas com a utilização de técnicas de telemetria por satélite.

A águia-das-estepes (Aquila nipalensis) e uma ave migratória de longa distancia, reproduzindo do sudeste da Rússia européia, a leste através das estepes da Ásia Central a Mandchuria no leste da China e invernando na África subsaariana, na península árabe, no subcontinente indiano e sudoeste da China. Na África a águia-das-estepes inverna em uma extensa área, que se estende do leste do sul do deserto de Sahel ate a África do Sul e Namíbia. 

Aquila nipalensis - individuo jovem

Dezesseis águia-das-estepes foram equipados com transmissores (rastreados por satélite) durante a migração ou em suas áreas de invernada (15 na Arábia Saudita e 1 na África do Sul). A partir destas 16 aves foram recebidos 3.734 pontos de localização, através das coordenadas geográficas. Adultos e imaturos possuem estratégias de migração bastante diferentes em termos de calendário. Os adultos retornaram aos seus territórios de reprodução no sul da Rússia e no Cazaquistão no final de março e início de abril, enquanto os imaturos chegaram em meados de maio. Em termos de rota de migração e a área de invernada as diferenças não são muito acentuadas. Os imaturos permaneceram nos locais de invernada por muito mais tempo que os adultos, normalmente por seis meses. Uma ave adulta levou quase oito semanas para percorrer 9.543 km de Botsuana ao Cazaquistão, com media de 177 km por dia. A mais longa distancia media de vôo diário entre todos os indivíduos rastreados foi de aproximadamente 355 km. Em 1998 foi registrado um ciclo anual completo de um macho adulto. Ele passou 31,5% do ano na área de invernada na Etiópia e no Sudão; 41,9% do tempo na área de reprodução no Cazaquistão e o restante do tempo, 26,6% ele passou migrando entre as áreas de reprodução e invernada.
A pesquisa foi desenvolvida por Bernd-Ulrich Meyburg, Christiane Meyburg e Patrick Paillat em uma área cerca de 50 km de Taif e na costa do Mar Vermelho na Arábia Saudita. Um indivíduo utilizado na pesquisa foi capturado no Parque Nacional Kruger na África do Sul. O estudo foi desenvolvido entre 1991 e 1999. O artigo na íntegra pode ser obtido em:


Desde a introdução do GPS nas pesquisas de campo, as questões de uso do habitat, tamanho do território, velocidade de migração e altitude de vôo, vem sendo mais precisamente estudadas em diversas espécies de aves. Algumas questões foram esclarecidas pela utilização da telemetria por satélite, mas novas pesquisas são necessárias para entender melhor a questão de áreas de invernada, rotas de migração e ecologia de forrageamento envolvendo as aves de rapina.

Crédito fotográfico
David Behrens
Fev/2003
Keoladeo National Park, Bharatpur, Rajasthan, Índia
Disponivel em:
 

2 comentários:

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    1. Excelente texto. Embora o tempo passe, essa técnica permanece fundamental para quem estuda espécies que interessam à conservação.

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